sábado, 27 de novembro de 2010

Atenção, Cursistas!

No próximo dia 16 de dezembro (quinta-feira), das 08h ás 17 horas, na Secretaria do Trabalho e Ação Social, teremos mais um encontro presencial de formação com os cursistas.
A temática em Estudo será a do Módulo IX – Como Desenvolver a Avaliação Institucional da Escola? Trabalharemos também com os Indicadores da Qualidade da Educação - INDIQUE
Aguardo todos vocês!
Karmem Amambahy

Indicadores: em busca da educação de qualidade para todos

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Apresentação das Oficinas módulo II






SINERGIA!

Às vezes a vida parece ser tão difícil, pensamos que alguns problemas nunca serão resolvidos.
Nestes momentos nos sentimos sozinhos, então, o que nos impede de nos aproximarmos de alguém? Talvez haja tantos esperando somente um sorriso nosso para se aproximar.
Será que realmente não há ninguém que nos aceite como somos? Será que não somos nós mesmos que fechamos a porta para compartilhar? Será que não deixamos de acreditar nos seres humanos?
Será que não podemos trazer um pouco mais de sinergia para nossa vida e trabalho? Para entender melhor o que é sinergia responda...
Será que não podemos trocar a competitividade do dia-a-dia pela cooperação? Será que é verdade que para eu ganhar, você tem que perder? Será que baseados em princípios e valores não posso ganhar e você também?
O que acha? Olhe ao seu redor, milagres podem acontecer quando as pessoas, as empresas, as comunidades, os países se unem para um objetivo maior gerando sinergia. Isto soa como uma voz universal gritando: “Você não é uma ilha”.
Conta-se que um velho pedreiro que construía casas estava pronto para se aposentar. Ele informou o chefe do seu desejo de se aposentar e passar mais tempo com sua família. Ele ainda disse que sentiria falta do salário, mas realmente queria se aposentar.
A empresa não seria muito afetada pela saída do pedreiro, mas o chefe estava triste em ver um bom colaborador partindo e ele pediu ao pedreiro para trabalhar em mais um projeto como um favor.
O pedreiro não gostou, mas acabou concordando. Foi fácil ver que ele não estava entusiasmado com a idéia. Assim, ele prosseguia fazendo emburrado e desatento um trabalho de qualidade duvidosa, utilizando qualquer material e sem um pingo de comprometimento.
Era uma maneira negativa de ele terminar a carreira.
A falta de atenção e de comprometimento acabou por lhe levar a uma queda quando assentava a última telha no telhado, que acabou desabando com ele.
Seus companheiros por não saberem dar os primeiros socorros, acabaram por piorar os seus ferimentos. Uma vértebra de sua coluna que estava trincada, ao ser levantado abruptamente pelos colegas, acabou se quebrando. Ele teve uma fratura da coluna cervical.
O pedreiro ficou tetraplégico, não mais podia mexer os braços e as pernas.
Ainda internado, o seu chefe foi visitá-lo e ele não quis recebê-lo. Disse à mulher: - Esse cafajeste me colocou aqui e agora quer se fazer de bonzinho. Ainda bem, que pelo menos fiz a casa que ele queria de qualquer jeito!
A esposa triste em vê-lo assim, foi falar com o chefe. Que a abraçou e disse:
- Estou muito triste com o que está acontecendo, aqui estão as chaves da casa. Eu queria fazer-lhe uma surpresa, ele é alguém que respeito e considero muito, mas sem saber acabou por se acidentar construindo a sua própria casa.
Que pena! Se ele soubesse que estava construindo sua própria casa, teria feito tudo diferente...
O mesmo acontece conosco. Nós construímos nossa vida, um dia de cada vez e muitas vezes fazendo menos que o melhor possível na sua construção. Depois, com surpresa, nós descobrimos que precisamos viver na casa que nós mesmos construímos. Muitas vezes pensamos: “ Se pudéssemos fazer tudo de novo, faríamos tudo diferente”. Mas aí já é tarde.
Tu és o pedreiro. Todo dia martelas pregos, ajustas tábuas e constróis paredes.
“A vida e seus resultados são projetos que você mesmo constrói”.O que nos distancia uns dos outros é principalmente que todos queremos ser compreendidos e na verdade não paramos para primeiro compreender, pois, o respeito é o único caminho.
Compreenda! Cada ser humano é ímpar, e em nossa vida finita é isso o que nos torna divinos diante do infinito. Acabamos esquecendo que para sermos felizes devemos aceitar estas diferenças humanas, sem isso, é como ter um coração vazio daquilo que nossa boca está cheia, como: respeito, integridade, lealdade, transparência, honestidade, cooperação, espírito de equipe e amor.
Culturas, religiões, estilos e formações diversas unidas, são as diferenças que fazem a grande diferença, chamada sinergia. Forças que somadas de maneira quase mágica e ilógica se multiplicam para transcender a matemática e transformar 1+1 em 5, ou talvez 10, isto é sinergia. Trocar as palavras “eu” e “você” pela palavra “nós”, é a expressão mais sublime da palavra sinergia que é a matemática da energia humana em grupo, onde seu resultado depende da convergência de propósitos, mentes, corações e ações.
Sabendo disso tudo, qual será sua atitude a partir de hoje?
Vamos, compreenda e viva isso, afinal, você sabe que só é impossível aquilo que paramos de tentar.


A força da tradição no mundo ao avesso

A modernidade anunciou o triunfo da Razão. Ela representou a possibilidade de construção de um mundo novo, contra os valores morais e teológicos predominantes na Idade Média. Impôs a racionalização do processo de produção, a impessoalidade nas relações, a dominação das elites que buscaram moldar o mundo ao seu pensamento, através da conquista de novos mercados, pela organização do comércio, a produção fabril e a colonização.
O triunfo da Razão, idéia essencial da modernidade, representou a substituição de Deus pela Ciência: as crenças religiosas foram relegadas à vida privada. A Razão fez tábula rasa da tradição secularmente fundada no predomínio das idéias e dos valores cristãos-medievais que submetiam o destino dos homens e, também, das formas de organizações sociais e políticas fundadas na crença e no domínio dos costumes.
“Tudo que é sólido desmancha no ar”: eis a síntese da modernidade. No lugar da segurança, da coesão social fundada na moral cristã-medieval, dos espaços territoriais bem definidos, de uma compreensão estática e perene do tempo, a força dos sentimentos e dos vínculos pessoais etc., a modernidade impõe a insegurança das incertezas, a crise dos parâmetros, a desarmonia. Como escreveu Berman (1986:15), o homem moderno vive sob o “redemoinho de permanente mudança e A modernidade anunciou o triunfo da Razão. Ela representou a possibilidade de construção de um mundo novo, contra os valores morais e teológicos predominantes na Idade Média. Impôs a racionalização do processo de produção, a impessoalidade nas relações, a dominação das elites que buscaram moldar o mundo ao seu pensamento, através da conquista de novos mercados, pela organização do comércio, a produção fabril e a colonização.
O triunfo da Razão, idéia essencial da modernidade, representou a substituição de Deus pela Ciência: as crenças religiosas foram relegadas à vida privada. A Razão fez tábula rasa da tradição secularmente fundada no predomínio das idéias e dos valores cristãos-medievais que submetiam o destino dos homens e, também, das formas de organizações sociais e políticas fundadas na crença e no domínio dos costumes.
“Tudo que é sólido desmancha no ar”: eis a síntese da modernidade. No lugar da segurança, da coesão social fundada na moral cristã-medieval, dos espaços territoriais bem definidos, de uma compreensão estática e perene do tempo, a força dos sentimentos e dos vínculos pessoais etc., a modernidade impõe a insegurança das incertezas, a crise dos parâmetros, a desarmonia. Como escreveu Berman (1986:15), o homem moderno vive sob o “redemoinho de permanente mudança e renovação, de luta e contradição, de ambigüidade e angústia”.
Contudo, a modernidade apresentou-se como uma utopia positiva que parecia dar novo alento à humanidade. Acoplada à idéia de ordem e progresso, infundiu a ilusão de que os homens finalmente caminhavam em direção à felicidade e à liberdade. Não por acaso, cunhou-se o termo iluminismo. Os filósofos das luzes iluminam as trevas da medievalidade e confiam exclusivamente na Razão.
Esta percepção positiva da modernidade não está isenta da crítica. Rousseau apontou os limites do progresso e da ciência e observou o quanto vivemos sob as aparências, numa sociedade essencialmente hipócrita e corrompida.
Nós, homens e mulheres frutos desta modernidade, vivemos sob o signo de uma era onde, como na transição do homem cristão-medieval ao homem econômico racionalista, permeia a transitoriedade, o incerto, o fugidio, ou seja, a angústia da falta de perspectivas; da insegurança com o amanhã; o medo diante da ciência, da sua capacidade de criar novos Frankensteins e sua teimosia em substituir o criador; o ceticismo diante do progresso; a sensação de que perdemos os valores fundamentais que dão coesão à vida em sociedade; a impotência diante do Estado e dos processos políticos, etc.
A realidade social parece confirmar os piores prognósticos: o“admirável mundo novo” de Aldous Huxley parece se impor; ou, talvez o pior, confirma-se o imaginado por George Orwell em sua obra 1984. Não necessariamente através da imposição do Estado Totalitário, mas pelo absolutismo de mercado que controla todas as esferas da sociedade, impondo o pensamento único e desenvolvendo formas de controle da privacidade.
Vivemos num mundo De pernas pro ar. Neste mundo ao avesso, milhões são excluídos dos direitos e das condições básicas de sobrevivência. Esta realidade é petrificada no instantâneo virtual da mídia; o real é banalizado, transformado em números estatísticos, objeto de estudo e fonte para angariar recursos financeiros pelos que vivem dos intermináveis projetos sobre os miseráveis.
No mundo De pernas pro ar, a necessidade é irmã do medo e o próximo é o inimigo real ou virtual:
“Quem não é prisioneiro da necessidade é prisioneiro do medo: uns não dormem por causa da ânsia de ter o que não têm, outros não dormem por causa do pânico de perder o que têm. O mundo ao avesso nos adestra para ver o próximo como uma ameaça e não como uma promessa, nos reduz à solidão e nos consola com drogas químicas e amigos cibernéticos” (Galeano, 1999:07-08)
No mundo novo fictício de Aldous Huxley, a estabilidade social é sustentada pela estratificação social, pelo condicionamento programado em laboratórios e o uso da substância denominada Soma, garantia da solidez emocional e antídoto à doença que acomete os críticos, aqueles que teimam em contestar o pensamento e a ordem absolutos. As drogas do mundo real não são apenas aquelas que tornam os narcotraficantes os poderosos de nossa época, senhores que controlam políticos, policiais, juízes e populações. Não! As drogas modernas assumem ares de inocência: apresentam-nas sob a embalagem religiosa; sob a ingênua programação televisiva; sob o rótulo propagandístico que estimula o consumismo, o ter e o individualismo; sob o refúgio da virtualidade, da overdose de informações e do lixo que transita on-line pela Web.
Os indivíduos buscam a felicidade sob o abrigo do pscicologismo da indústria de auto-ajuda, no consumismo, no misticismo e no intimismo. A realidade social não lhes diz respeito; treinam a insensibilidade e fogem, como o diabo foge da cruz, de qualquer compromisso coletivo com as transformações necessárias para humanizar o mundo real. Vivem nas nuvens!
Na idade média a ideologia dominante pregava o conformismo: as esperanças dos pobres se centravam no idílico paraíso pós-morte. Em nossa época, democratizou-se o conformismo e a busca da salvação individual: pobres, empresários, madames e senhores da classe média viram as costas ao mundo real – esta triste realidade! – e disputam em igualdade de condições um lugar no céu. Os que se enriquecem e vivem da fé alheia agradecem.
Uns e outros apaziguam as consciências através do assistencialismo, da esmola e do altruísmo religioso. Como o homem do século XIX, assustado diante da sociedade industrial, há o retorno e o apego desesperado às tradições. Os interesses e as contradições sociais e individuais dão lugar à conciliação, à harmonia, à irmandade. Há algo de positivo nisto: o resgate da humanidade, dos valores humanitários. Mas, seria demais rigoroso observar em tudo isto o reino da hipocrisia?
O refúgio nas tradições tem as suas vantagens. Em primeiro lugar, é o tipo de atitude social e individual que foge ao controle da Razão instrumental e do Estado. Malgrado todos os aspectos hipócritas, não há como não se emocionar com a pureza dos sentimentos resguardados nos melhores corações, em especial dentre as crianças. É lícito reconhecer que em meio à ideologia do mercado que transforma momentos de confraternização em mera troca de mercadorias, mercantilizando os próprios sentimentos e as relações afetivas, sobrevivem verdadeiras manifestações de solidariedade que fogem à lógica mercantil.
Por fim, também devemos reconhecer que a Razão triunfante da modernidade não conseguiu – felizmente! – por termo a todas as tradições, o que significa a possibilidade de mantermos um elo com o passado, aprender com este e resguardar aquilo que ainda nos dá o status de humanos e não de autômatos obedientes aos ditames da lógica do mercado. A sobrevivência da tradição nos ajuda a contrapor nossa subjetividade à racionalidade cega e objetiva, contribuindo para a crítica racional a um mundo desencantado com sua própria realidade.
Referências
BERMAN, Marshall. (1986)Tudo que é sólido desmancha no ar. São Paulo: Companhia das Letras.
GALEANO, Eduardo. (1999)De pernas pro ar: a escola do mundo ao avesso. Porto Alegre: L&PM.
HUXLEY, Aldous. (1999)Admirável Mundo Novo. São Paulo: Globo.
MARX, Karl & ENGELS, Friedrich. (1998) Manifeste du parti comuniste. Paris: GF Flammarion.
ORWELL, George. (1998)1984. São Paulo: Companhia Editora Nacional.
ROUSSEAU, Jean-Jacques.(1978) Do Contrato Social; Ensaio sobre a origem das línguas; Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens; Discurso sobre as ciências e as artes. São Paulo: Abril Cultural (Os Pensadores).
ZOLA, Émile. (1999) Como se casa, como se morre. São Paulo: Ed. 34.
renovação, de luta e contradição, de ambigüidade e angústia”.
Contudo, a modernidade apresentou-se como uma utopia positiva que parecia dar novo alento à humanidade. Acoplada à idéia de ordem e progresso, infundiu a ilusão de que os homens finalmente caminhavam em direção à felicidade e à liberdade. Não por acaso, cunhou-se o termo iluminismo. Os filósofos das luzes iluminam as trevas da medievalidade e confiam exclusivamente na Razão.
Esta percepção positiva da modernidade não está isenta da crítica. Rousseau apontou os limites do progresso e da ciência e observou o quanto vivemos sob as aparências, numa sociedade essencialmente hipócrita e corrompida.
Nós, homens e mulheres frutos desta modernidade, vivemos sob o signo de uma era onde, como na transição do homem cristão-medieval ao homem econômico racionalista, permeia a transitoriedade, o incerto, o fugidio, ou seja, a angústia da falta de perspectivas; da insegurança com o amanhã; o medo diante da ciência, da sua capacidade de criar novos Frankensteins e sua teimosia em substituir o criador; o ceticismo diante do progresso; a sensação de que perdemos os valores fundamentais que dão coesão à vida em sociedade; a impotência diante do Estado e dos processos políticos, etc.
A realidade social parece confirmar os piores prognósticos: o“admirável mundo novo” de Aldous Huxley parece se impor; ou, talvez o pior, confirma-se o imaginado por George Orwell em sua obra 1984. Não necessariamente através da imposição do Estado Totalitário, mas pelo absolutismo de mercado que controla todas as esferas da sociedade, impondo o pensamento único e desenvolvendo formas de controle da privacidade.
Vivemos num mundo De pernas pro ar. Neste mundo ao avesso, milhões são excluídos dos direitos e das condições básicas de sobrevivência. Esta realidade é petrificada no instantâneo virtual da mídia; o real é banalizado, transformado em números estatísticos, objeto de estudo e fonte para angariar recursos financeiros pelos que vivem dos intermináveis projetos sobre os miseráveis.
No mundo De pernas pro ar, a necessidade é irmã do medo e o próximo é o inimigo real ou virtual:
“Quem não é prisioneiro da necessidade é prisioneiro do medo: uns não dormem por causa da ânsia de ter o que não têm, outros não dormem por causa do pânico de perder o que têm. O mundo ao avesso nos adestra para ver o próximo como uma ameaça e não como uma promessa, nos reduz à solidão e nos consola com drogas químicas e amigos cibernéticos” (Galeano, 1999:07-08)
No mundo novo fictício de Aldous Huxley, a estabilidade social é sustentada pela estratificação social, pelo condicionamento programado em laboratórios e o uso da substância denominada Soma, garantia da solidez emocional e antídoto à doença que acomete os críticos, aqueles que teimam em contestar o pensamento e a ordem absolutos. As drogas do mundo real não são apenas aquelas que tornam os narcotraficantes os poderosos de nossa época, senhores que controlam políticos, policiais, juízes e populações. Não! As drogas modernas assumem ares de inocência: apresentam-nas sob a embalagem religiosa; sob a ingênua programação televisiva; sob o rótulo propagandístico que estimula o consumismo, o ter e o individualismo; sob o refúgio da virtualidade, da overdose de informações e do lixo que transita on-line pela Web.
Os indivíduos buscam a felicidade sob o abrigo do pscicologismo da indústria de auto-ajuda, no consumismo, no misticismo e no intimismo. A realidade social não lhes diz respeito; treinam a insensibilidade e fogem, como o diabo foge da cruz, de qualquer compromisso coletivo com as transformações necessárias para humanizar o mundo real. Vivem nas nuvens!
Na idade média a ideologia dominante pregava o conformismo: as esperanças dos pobres se centravam no idílico paraíso pós-morte. Em nossa época, democratizou-se o conformismo e a busca da salvação individual: pobres, empresários, madames e senhores da classe média viram as costas ao mundo real – esta triste realidade! – e disputam em igualdade de condições um lugar no céu. Os que se enriquecem e vivem da fé alheia agradecem.
Uns e outros apaziguam as consciências através do assistencialismo, da esmola e do altruísmo religioso. Como o homem do século XIX, assustado diante da sociedade industrial, há o retorno e o apego desesperado às tradições. Os interesses e as contradições sociais e individuais dão lugar à conciliação, à harmonia, à irmandade. Há algo de positivo nisto: o resgate da humanidade, dos valores humanitários. Mas, seria demais rigoroso observar em tudo isto o reino da hipocrisia?
O refúgio nas tradições tem as suas vantagens. Em primeiro lugar, é o tipo de atitude social e individual que foge ao controle da Razão instrumental e do Estado. Malgrado todos os aspectos hipócritas, não há como não se emocionar com a pureza dos sentimentos resguardados nos melhores corações, em especial dentre as crianças. É lícito reconhecer que em meio à ideologia do mercado que transforma momentos de confraternização em mera troca de mercadorias, mercantilizando os próprios sentimentos e as relações afetivas, sobrevivem verdadeiras manifestações de solidariedade que fogem à lógica mercantil.
Por fim, também devemos reconhecer que a Razão triunfante da modernidade não conseguiu – felizmente! – por termo a todas as tradições, o que significa a possibilidade de mantermos um elo com o passado, aprender com este e resguardar aquilo que ainda nos dá o status de humanos e não de autômatos obedientes aos ditames da lógica do mercado. A sobrevivência da tradição nos ajuda a contrapor nossa subjetividade à racionalidade cega e objetiva, contribuindo para a crítica racional a um mundo desencantado com sua própria realidade.
Referências
BERMAN, Marshall. (1986)Tudo que é sólido desmancha no ar. São Paulo: Companhia das Letras.
GALEANO, Eduardo. (1999)De pernas pro ar: a escola do mundo ao avesso. Porto Alegre: L&PM.
HUXLEY, Aldous. (1999)Admirável Mundo Novo. São Paulo: Globo.
MARX, Karl & ENGELS, Friedrich. (1998) Manifeste du parti comuniste. Paris: GF Flammarion.
ORWELL, George. (1998)1984. São Paulo: Companhia Editora Nacional.
ROUSSEAU, Jean-Jacques.(1978) Do Contrato Social; Ensaio sobre a origem das línguas; Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens; Discurso sobre as ciências e as artes. São Paulo: Abril Cultural (Os Pensadores).
ZOLA, Émile. (1999) Como se casa, como se morre. São Paulo: Ed. 34.

A escola é mais autônoma e democrática na medida em que ela é mais participativa do que representativa.

A Comunidade Escolar é composta por vários segmentos: Os Pais, os Alunos, os Funcionários, os Professores e as equipes diretivas.
 Para que uma comunidade escolar possa atingir os seus objetivos é preciso contar com o apoio de todos os segmentos. Não tem como atribuir mais importância a um segmento do que ao outro. A equipe gestora que não contar com o apoio de um dos segmentos não vai produzir os resultados almejados. O apoio torna-se possível quando a participação de cada pessoa é valorizada dentro do segmento a qual pertence e assim a sua visibilidade para o fim principal que é a instituição Escola. Possibilitar oportunidades para que todos possam ajudar faz a diferença. É preciso, também, saber receber a crítica não como uma visão simples de oposição, mas como uma contribuição para que se estabeleça o necessário debate. É do contraditório que vamos cultivar consciências e vamos caminhar, cada um no seu tempo, mas, certamente na mesma direção, ou seja, com os mesmos propósitos. Respeitar a opinião de todos é para o processo de gestão autônoma e democrática abrir caminhos para a história que será escrita por cada um.
As dificuldades vão existir sempre: os desafios de conviver em harmonia, os alunos que não conseguem obter a aprendizagem desejada, os pais que têm dificuldades de ajudar os filhos, os profissionais da escola que se esforçam para ver os alunos avançar etc. Em tudo isso, coloca-se o desafio da escola que é formar um cidadão livre e responsável.
A proposta político-pedagógica deve ser um compromisso coletivo. Temos que questionar a sociedade antes que ela nos questione. O que fazer para termos uma vida mais saudável? Mais humanizado? Mais solidária? São exemplos de questionamentos. Por aqui pode discorrer os conteúdos escolares... Ao propor a participação, percebemos que somos mais valorizados. Não pelo que fizemos, mas pela oportunidade que oferecemos.
Poderíamos citar inúmeros exemplos de situações em que é muito mais importante a sua problematização do que a própria solução.

Exemplifico a solicitação feita por uma professora para que fosse reformada a pracinha da escola:
Primeiramente os alunos foram até uma reunião do CPM (Círculo de Pais e Mestres) e fizeram a reivindicação. A partir daí os alunos realizaram uma cartinha e desenhos que foram repassados para a Secretária Municipal de Educação em reunião conjunta com o Conselho Escolar, Professores, Funcionários, etc. Neste caso valorizamos a participação dos interessados na busca de soluções. A oportunidade foi muito rica para o exercício da cidadania. Foi possível verificar a transparência dos recursos financeiros da escola... Estabelecer planejamentos e parcerias. Estabelecer prioridades para um determinado período... Os segmentos da escola, em especial os alunos passaram a ser os co-autores das reivindicações. O trabalho na sala de aula da professora com certeza passou a ter mais significado pedagógico e de compromisso com a escola e com a comunidade. Foi emocionante ver as crianças entregar ao poder público as suas reivindicações. Os pais que o digam, pois o ato foi realizado de forma pública e os alunos que não tem cargos na escola exerceram o papel de representantes da comunidade escolar.
Para finalizar escrevo na página seguinte uma escola que pode ser utópica, mas que ao menos queremos ter o direito de sonhar.

Escola Desejada...

Sem livro ponto e chamadas: todos freqüentam de forma livre e responsável;
Sem sineta: o professor encerra a aula, os alunos sabem se deslocar educadamente por todos os espaços;
Sem muralhas e grades: todos são convidados a participar; De aprendizagens: professores, funcionários e alunos rotulam as “ensinagens” desnecessárias.
De pesquisa e soluções: os conteúdos têm sentido e ajudam a resolver problemas da comunidade.
Autônoma: as pessoas têm iniciativas e se emancipam de forma cooperativa.
Comprometida: todos agem com lealdade e ética.
Solidária: ninguém se sente sozinho e desprotegido.
Acolhedora: há determinação de incluir os excluídos.
Instigante: os problemas da comunidade são debatidos cotidianamente.
Plural: rechaça as discriminações e promove a tolerância e o perdão.
Dialógica: educa-se para a cidadania, mas principalmente na cidadania.
Dinâmica: além de ler, escrever e contar é exercitada a afetividade.
Sensitiva: as emoções acontecem e fazem as pessoas pensar, sentir e amar.
Uma Escola Democrática: condena-se o autoritarismo, todos têm vez, voz e voto.
Uma Escola Humana: as pessoas se respeitam, cuidam do meio ambiente e sonham muito.
Enfim! Uma Escola de Sonhos: as pessoas acreditam no que parece impossível... Vivem em harmonia, são felizes e ao andar vão fazendo o caminho que é possível! (Professor João Dias Trindade)


O PODER DA VALIDAÇÃO

Stephen Kanitz
Todo mundo é inseguro, sem exceção. Os super-confiantes, simplesmente disfarçam melhor. Não escapam pais, professores, chefes nem colegas de trabalho.
Afinal, ninguém é de ferro. Paulo Autran tremia nas bases nos primeiros minutos de cada apresentação, mesmo que a peça já tivesse sido encenada 500 vezes. Só depois da primeira reação do público é que o ator relaxava e partia tranqüilo para o resto do espetáculo. Eu, para ser absolutamente sincero, fico inseguro a cada novo artigo que escrevo, e corro desesperado para ver os primeiros e-mails que chegam.
Insegurança é o problema humano número 1. O mundo seria muito menos neurótico, louco e agitado se fossemos todos um pouco menos inseguros, trabalharíamos menos mais a vida, levaríamos a vida mais na esportiva. Mas como reduzir esta insegurança?
Alguns acreditam que estudando mais, ganhando mais, trabalhando mais resolveriam o problema. Ledo engano, por uma simples razão: segurança não depende da gente, depende dos outros. Esta totalmente fora do nosso controle. Por isso segurança nunca é conquistada definitivamente, ela é sempre temporária, efêmera.
Segurança depende de um processo que chamo de "validação", embora para os estatísticos o significado seja outro. Validação estatística significa certificar-se de que um dado ou informação é verdadeiro, mas eu uso esse termo para seres humanos. Validar alguém seria confirmar que essa pessoa exista, que ela é real, verdadeira, que ela tem valor.
Todos nós precisamos ser validados pelos outros, constantemente. Alguém tem de dizer que você é bonito ou bonita, por mais bonito que você seja. O autoconhecimento, tão decantado por filósofos, não resolve o problema, ninguém pode autovalidar-se, por definição.
Você sempre será um ninguém a não ser que outros o validem como alguém. Validar o outro significa confirma-lo, como dizer: "Você tem significado para mim". Validar é o que um namorado ou namorada faz quando lhe diz: "Gosto de você pelo que você é". Quem cunhou a frase "Por trás de um grande homem existe uma grande mulher" (e vice-versa) provavelmente estava pensando nesse poder de validação que só uma companheira amorosa e presente no dia-a-dia poderá dar.
Um simples olhar, um sorriso, um singelo elogio são suficientes para você validar todo mundo. Estamos tão preocupados com a nossa própria insegurança, que não temos tempo para sair validando os outros. Estamos tão preocupados em mostrar que somos o "máximo", que esquecemos de dizer aos nossos amigos, filhos e cônjuges que o "máximo" são eles. Puxamos o saco de quem gostamos, esquecemos de validar aqueles que admiramos.
Por falta de validação, criamos um mundo consumista, onde valoriza o ter e não o ser. Por falta de validação, criamos um mundo onde todos querem mostrar-se, ou dominar os outros em busca de poder. Validação permite que as pessoas sejam aceitas pelo que realmente são, e não pelo que gostaríamos que fossem. Mas, justamente graças á validação, elas começarão em si mesmas e crescerão pra ser o que queremos.
Se quisermos tornar o mundo menos inseguro e melhor, precisaremos treinar e exercitar uma nova competência: validar alguém todo dia. Um elogio certo, um sorriso, os parabéns na hora certa, uma salva de palmas, um beijo, um dedão para cima, um "valeu, cara, valeu".
Você já validou alguém hoje? Então comece já, por mais inseguro que você esteja.

Encontro Presencial de Cursistas

O Módulo II
COMO PROMOVER, ARTICULAR E ENVOLVER A AÇÃO DAS PESSOAS NO PROCESSO DE GESTÃO ESCOLAR?
tem por finalidade incentivar a ação das pessoas nos processos de gestão escolar numa perspectiva democrática. Mostrar procedimentos que assegurem a conquista de uma gestão participativa nos processos escolares, com igualdade de condições, comprometimento, permanência dos alunos, pluralismo de ideias e qualidade de ensino. Envolvendo assim, todos os segmentos interessados na construção de propostas coletivas de educação pública de qualidade.Tem como objetivo Analisar os desafios, as possibilidades e os limites das experiências de gestão democrática e de participação desenvolvidas na escola e no sistema de ensino.
Programação:
 Dinâmica de acolhimento  (Interpretação)
 Leitura compartilhada do  texto” escola autônoma e
democrática”, levantamento de expectativas 
Slide – o problema não é meu
Socialização  das ações desenvolvidas nas unidades escolares no caderno de atividades do módulo I
 Estudo do módulo II Formar grupos através de dinâmica para realização das oficinas
Apresentação das oficinas
Dinâmica Em cada lugar uma idéia. Avaliar e fortalecer os laços afetivos dentro do grupo.
 Apresentação do vídeo do módulo IX.
  Problematização (levantar expectativas acerca do vídeo)
 Oficinas para estudo dos capítulos do  caderno de atividades: Projetos, deveres e obrigações: expondo as diferenças.
Avaliação do encontro
mensagem de encerramento – o Menestrel – Willian Shakespeare
“A gestão democrática do ensino e da escola assegura o direito de todos à educação, fortalece a escola como instituição plural, sem preconceitos e contribui para redução das desigualdades sociais, culturais e étnicas”.

(Dourado e Duarte (PROGESTÃO, 2010, Mod. II

Cidadania e Competitividade: Desafios Educacionais do Terceiro Milênio

Guiomar Namo de Mello
São Paulo, Ed. Cortez, 1994.
Prefácio de Simon Schwartzman
Educadora, pesquisadora, ex-secretária municipal da educação da cidade de São Paulo, ex-deputada estadual, assessora de projetos de reforma educacional no Brasil e no exterior, Guiomar Namo de Mello percorreu todos os caminhos que vão da sala de aula à organização dos sistemas educacionais, dos movimentos políticos contestatários às dificuldades do gerenciamento governamental, das teorias abrangentes sobre os problemas sociais e culturais do ensino aos estudos mais detalhados sobre o que passa no dia a dia na relação dos professores com seus alunos. Nesta travessia, suas idéias e percepções se alteram, mas, como ela nos diz na apresentação deste livro, não muda suas preocupações, o compromisso com a necessidade de encontrar uma saída para as questões da educação brasileira, e a certeza de que, em última análise, é no contato direto do aluno com o professor, na sala de aula de onde partiu que a batalha do ensino será vitoriosa ou perdida.
 O entendimento que Guiomar Namo de Mello possui hoje da questão educacional, mais do que o resultado de um amadurecimento pessoal, corresponde a um consenso crescente entre os especialistas a respeito da natureza dos problemas educacionais em países e regiões menos desenvolvidas, e dos principais caminhos para sua superação. A existência deste consenso ainda não penetrou como deveria, os sistemas educacionais como um todo, e por isto este livro deve provocar polêmica. Pela polêmica as idéias irão ecoando, chamando atenção para questões pouco entendidas, dissolvendo suposições e certezas empedernidas, e consolidando aos poucos um novo consenso com força suficiente para se impor, abrindo novos caminhos e perspectivas.
 O primeiro item deste novo consenso é a importância estratégica fundamental da educação básica, sem a qual não seria possível tirar o país de uma situação de crescente marginalidade em relação ao mundo moderno. Há cada vez menos lugar, hoje, para economias baseadas no trabalho desqualificado e mal pago, na exploração abusiva dos recursos naturais e na produção de mercadorias massificadas e de má qualidade. Não se trata somente, pois, de que a educação tenha um papel central na formação da cidadania, dos valores morais e da capacitação das pessoas para uma vida digna e produtiva, como pensavam os educadores e líderes religiosos e políticos desde o século passado, que presidiram a universalização da educação básica nos países europeus. Nem de que a educação seja um simples correlato de estruturas e sistemas econômicos, gerando os profissionais que necessita em uns casos, mantendo as pessoas ignorantes em outros, e reproduzindo de forma inexorável suas desigualdades e mecanismos de exploração. Os vínculos entre a educação e a economia são tão ou mais fortes do que se imaginava no passado, mas a relação causal pode ser distinta. os sistemas educacionais, e a educação que as pessoas recebem, não são simples conseqüência do que ocorre na economia. Eles podem ser melhorados e transformados, e seu impacto econômico pode ser extraordinário.

O segundo item do consenso é a revalorização do processo de aprendizagem enquanto tal, e dos problemas relacionados a ele. A crítica à escola convencional se faz, usualmente, em relação a dois aspectos, a condição sócio-econômica dos estudantes, escolas e professores, e os conteúdos esvaziados e burocratizados dos procedimentos educativos. É claro que estudantes com fome e frio, forçados a trazer de qualquer forma algum dinheiro para a casa, sem uma estrutura familiar minimamente constituída, sem escolas ou em escolas caindo aos pedaços, e com professores ganhando salários de fome, não teriam como se beneficiar das melhores pedagogias. Daí a preocupação com a merenda escolar, com os serviços de assistência médica e odontológica, com a construção e a reforma de prédios, e com a melhoria dos salários dos professores. Daí, também, a preocupação com o contexto econômico e político mais amplo, do qual depende o emprego dos pais, o salário dos professores e o financiamento das escolas. Mas nem todos os estudantes vivem em situações tão extremas, nem todas as escolas estão tão destruídas, nem todos os professores ganham tão mal, nem todos os orçamentos educacionais são assim tão pequenos; e mesmo assim os resultados das escolas costumam ser desastrosos. A ênfase nos aspectos assistenciais e quantitativos da educação decorre, em muitos casos, de equívocos profundos, ou de interesses políticos e econômicos pouco confessáveis. Nem todas as crianças necessitam de merenda paga pelo governo, em muitas das principais regiões do país sobram escolas e professores no sistema público, mas existe uma indústria da merenda, da construção de escolas e do uso das verbas educacionais para fins político-partidários.
 A nova ênfase nos problemas de conteúdo e de qualidade da educação foi reforçada, recentemente, pelos estudos e pela verdadeira cruzada pessoal de Sérgio Costa Ribeiro contra os conceitos tradicionais sobre evasão escolar, e em prol de um exame aprofundado dos problemas da repetência escolar. Por sua importância, não custa repetir os principais itens desta cruzada. Exceto em alguns pontos isolados, o problema do acesso à escola não existe mais no país. Existem vagas suficientes, as crianças vão à escola, e normalmente permanecem nela até os 14 anos pelo menos. Seu aproveitamento, no entanto, é um desastre. Metade repete o primeiro ano, poucos conseguem concluir as oito séries da educação básica, e aprendem muito pouco das habilidades essenciais de leitura, escrita e aritmética elementar. Existe algo profundamente errado dentro da sala de aula, que faz com que os estudantes passem dias e anos em instituições que lhes dão muito pouco, e terminam, em muitos casos, por estigmatizá-los pelo fracasso e pela repetência.

Se sabemos agora a onde está o problema, existe menos acordo sobre sua verdadeira natureza, assim como sobre suas causas. A escola convencional tem sido criticada pelo seu conteúdo de classe, ao buscar transmitir aos estudantes mais pobres os valores, uma cultura e mesmo uma linguagem que não lhes são próprias, e sim das classes médias e altas com as quais os professores se identificam; e pelo próprio caráter opressor e impositivo embutido nas relações professor-aluno. Por isto os estudantes se desinteressariam, e não conseguiriam entender o que lhes é ensinado; ou, mesmo que aprendessem isto lhes serviria de pouco. Daí as propostas revolucionárias: transformar cada professor em um militante, em um agente de transformação; substituir os conteúdos convencionais por elementos da realidade quotidiana do estudante; ensiná-lo em sua linguagem própria, pesquisada em cada caso, sem forçar um padrão erudito que lhe é alheio; e, no extremo, fechar a escola convencional, e transferir as funções educativas para a relação quotidiana da criança e do jovem com seus pais, vizinhos, e com os líderes de suas comunidades. Ou, de maneira menos radical, substituir a transmissão formalizada de conhecimentos por processos indutivos que estimulem a criatividade, o interesse e a iniciativa do estudante.
O consenso atual é que todas estas críticas contêm elementos de verdade, mas que as soluções apresentadas não parecem levar muito longe. Comparações entre experiências educacionais de diferentes países e grupos sociais ajudam a entender melhor o que ocorre. Filhos de imigrantes costumam ser mais bem sucedidos nas escolas do que muitos nativos, mesmo com grandes diferenças de língua e de cultura. Negar aos estudantes o ensino do padrão erudito da língua pode confiná-los em guetos étnicos e sociais, e impedir sua participação plena na sociedade mais ampla. A escola deve transmitir ao estudante uma tradição cultural pre-existente consubstanciada não só em uma linguagem estruturada, mas também em um conjunto de informações compartidas por todos os membros de uma comunidade. Daí a necessidade de currículos estruturados, métodos pedagógicos afirmativos. O conhecimento se organiza em disciplinas, e isto deve ser transmitido ao estudante. A autoridade do professor em relação ao aluno não tem porque ser vista como autoritária; o professor é, efetivamente, mais velho, mais experiente, sabe mais, e deve constituir, para o aluno, um modelo e um exemplo que ele espera, e cuja falta ressente.
 Ainda que possa haver discordâncias quando a aspectos específicos das pedagogias e dos formatos mais adequados para uma educação bem sucedida, todos concordam que a escola tem que ser um ambiente agradável e receptivo, e o professor deve estar presente, motivado, ter tempo e condições de trabalhar com os estudantes, e dispor de materiais pedagógicos adequados. É possível dizer que, se estas condições estiverem dadas, a educação é bem sucedida com praticamente qualquer pedagogia que seja utilizada, para a grande maioria dos estudantes. Como é possível fazer com que a escola tenha estas características?
 É aqui que entra a verdadeira revolução copernicana que Guiomar Namo de Mello discute na segunda parte deste livro: se trata de colocar a escola - e não mais o governo, a secretaria de educação, os professores, ou mesmo os estudantes e suas famílias - na liderança da atividade educacional. Isto significa dar à direção das escolas a liberdade, as condições e os estímulos para tomar iniciativas, zelar pelo funcionamento quotidiano da instituição, buscar apoio e recursos na comunidade mais ampla. É esta a verdadeira descentralização educacional que deve ser feita, muito diferente da transferência de responsabilidades dos estados aos municípios: se trata de transferir verbas e poder de decisão sobre currículos, orientações pedagógicas e seleção ou demissão de professores às próprias escolas, e mais especialmente à sua direção.
Mas quem garante que a direção das escolas fará bom uso destes recursos? Existem dois mecanismos para isto, sem os quais todas as experiências de autonomia das escolas correm o risco de fracassar. Primeiro, é necessário que os resultados do trabalho das escolas sejam constantemente avaliados segundo critérios bem definidos e comparáveis, para que todos - direção, professores, estudantes, famílias, comunidades, governo - saibam o que está sendo conseguido ou não; e segundo, que todos os participantes sejam informados dos resultados desta avaliação, e estimulados a estimular e influenciar as escolas para que obtenham resultados cada vez melhores. A autonomia das escolas deve ter dois parâmetros simultâneos, um dado pelos sistemas de avaliação comparada de resultados, que deve ser promovido pelos governos, e outro pelo controle da comunidade, que deve ter condições de exigir resultados e mesmo, quando for o caso, forçar a mudança na direção das escolas. O instrumento fundamental para a avaliação dos resultados das escolas são os testes padronizados de conhecimento, que podem ser aplicados tanto a estudantes quanto a seus professores. Devidamente utilizado, um sistema de testes permite identificar resultados positivos e áreas mais problemáticas, dirigir recursos para onde sejam mais necessários e premiar o bom desempenho. Existe muita polêmica sobre o uso de testes nos sistemas educacionais, que não seria o caso de reproduzir aqui. Basta dizer que, como a democracia, os testes são instrumentos problemáticos, mas são insubstituíveis se quizermos saber aonde estamos, e que caminhos devemos seguir para sairmos da situação extremamente crítica em que se encontra na educação brasileira.
 Nada disto é simples, mas tampouco chega a ser novidade para os países que já conseguiram ou estão conseguindo superar os impasses mais graves da educação básica. A revolução copernicana aqui proposta não significará o fim de nossos problemas, mas o ingresso em um outro patamar de realizações, questões e dificuldades, para os quais a competência profissional, o talento e a dedicação de Guiomar Namo de Mello, e de tantas outras educadoras e educadores que ela representa, continuarão sendo indispensáveis.  

DE MÃOS DADAS

JOGO DOS LENÇOS

Objetivo: avaliar o nível de imaginação e criatividade de cada cursista. (Pois na verdade não existem lenços).
Existem lenços muito bonitos dentro desta sala. Cada um procure o seu. Você vai saber qual é, pois tem uma cor, um tamanho e uma textura que é o seu perfil, a sua cara. Quem encontrar poderá brincar com ele da forma que quizer.
Após um tempo observar se as pessoas brincam entre si, naturalmente. Caso contrário, propor a formação de duplas. Depois trios, quartetos até juntar o grupo todo. Neste momento solicitar ao grupo a montagem de um lenço único, grupal, continuando a brincar com ele.
Em seguida pede-se para cada um resgatar o próprio “lenço” verificando o que vai fazer com ele.
Cada um se “despede” da forma que quizer (guardar, oferecer a outro, jogar etc.)

II Encontro Presencial do Progestão

O Módulo I tem por finalidade discutir a função social da escola, buscando compreender as ligações existentes entre ela e as demandas da comunidade. O foco das discussões neste módulo é a reflexão sobre o papel da escola no mundo contemporâneo, apresentando alguns desafios para a chamada “era do conhecimento”.
Objetivos:
- Compreender a Função Social da Escola;
-Reconhecer as transformações da escola ao longo da História;
- Explicar as demandas diversificadas do mundo atual e suas implicações para a educação;
- Identificar as demandas locais sobre a escola articulando-as com sua função social;
-Sensibilizar os envolvidos para necessidade de discutir a função social da escola, buscando compreender as ligações existentes entre esta e as demandas da comunidade.

Programação:
·      Poema : Mãos  Dadas Aplicação de dinâmica:
·     Explanação com slides provocativo
·     Apresentação do vídeo módulo I
·      Estudo dirigido,  do módulo I  
·      Aprofundamento e reflexão do módulo I
·     Socialização do estudo
·    Dinâmica Quebra-gelo
·    Explanação com slides Módulo I
·    Oficinas para estudo dos capítulos do caderno de estudo e caderno de atividades : Planejamento de
Reunião  com  comunidade  Escolar;
·     Projeção do vídeo: Evolução das Tecnologias
·      Leitura compartilhada do texto  Complementar: Cidadania e Competitividade :Desafios Educacionais do 3º Milênio.
·       Debate  Integrado
·       Assistir ao vídeo e apresentar o MÒDULO II
·       Avaliação do  Encontro Presencial
·        Mensagem de encerramento (Tudo começa com um ponto).

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

ENCONTRO DE SENSIBILIZAÇÃO

SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO


ENCONTRO DE SENSIBILIZAÇÃO
Quijingue – Bahia
Julho de 2010
Realização
Prefeitura Municipal de Quijingue

Secretária de Educação:

Raquel Andrade Barreto

Coordenação:

Ricardo Oliveira de Carvalho

Tutores:

Iara Batista

Mª do Carmo Amambahy
Justificativa:

O aperfeiçoamento dos gestores escolares é uma necessidade permanente para a oferta de serviços educacionais cada vez melhores aos estudantes. A captação continuada desses dirigentes visa tornar a gestão cada vez mais qualificada e participativa, com a presença ativa da comunidade escolar local do dia-a-dia da escola. Para atingir esses intentos, é necessário adotar métodos inovadores que disseminem para todos, os conhecimentos básicos que contribuam para o fortalecimento da gestão democrática na escola.

Por está razão, a Secretaria de Educação retoma o Programa de Capacitação a Distância para Gestores Escolares – PROGESTÃO na intenção de envolver, por um lado, os gestores eleitos para as escolas da rede estadual de ensino, e por outro lado, gestores escolares das redes municipais conforme acordo de cooperação técnica, em respeito ao principio do regime de colaboração entre Estado e Município.

A proposta do PROGESTÃO fundamenta-se na formação de lideranças comprometidas com a construção de um processo de gestão democrática nas escolas públicas com base em uma metodologia de ação-reflexão-ação, que vise, acima de tudo, a construção de ambiente escolar mais propicio à efetiva aprendizagem dos educandos.
Objetivo:
Promover a formação continuada de gestores Escolares e representantes dos colegiados escolares, nas redes estadual e municipal, tendo como finalidade a democratização da gestão escolar, a melhoria da qualidade do ensino na escola pública e a integração da equipe gestora, comunidade escolar e local
Programação:

08:30 = Acolhimento: Músicas bom dia.

09:00 = Composição da Mesa

09:45 = Apresentação dos tutores.

10:00 = Intervalo: Lanche

10:15 = Metodologia do curso.

11:00 = Encaminhamentos e vídeo.

11:45 = Sistemática de Avaliação

12:00 = Encerramento.

MÚSICA: BOM DIA

Um dia quero mudar tudo
No outro eu morro de rir,
Um dia tô cheia de vida
No outro não sei onde ir,
Um dia escapo por pouco
No outro não sei se vou me livrar,
Um dia esqueço de tudo
No outro não posso deixar de lembrar,
Um dia você me maltrata
No outro me faz muito bem,
Um dia eu digo a verdade
No outro não engano ninguém,
Um dia parece que tudo
Tem tudo prá ser o que eu sempre sonhei,
No outro dá tudo errado
E acabo perdendo o que já ganhei
Logo de manhã, bom dia... (4X)
Um dia eu sou diferente
No outro sou bem comportada,
Um dia eu durmo até tarde
No outro eu acordo cansada,
Um dia te beijo gostoso
No outro nem vem que eu quero respirar,
Um dia quero mudar tudo no mundo
No outro eu vou devagar,
Um dia penso no futuro
No outro eu deixo prá lá,
Um dia eu acho a saída
No outro eu fico no ar,
Um dia na vida da gente,
Um dia sem nada de mais,
Só sei que eu acordo e gosto da vida
Os dias não são nunca iguais!
Texto: Paulo Freire. (Música. Zizi Possi)

O QUE É O MEMORIAL?

É o registro da historia do cursista, especialmente sobre o que vai aprendendo durante o curso.
É o local de expressão da construção da sua identidade profissional durante o processo de ensino-aprendizagem.
É o local em que o cursista vai anotando suas emoções, descobertas, sucessos e insucessos que marcam sua trajetória pedagógica.
É o relato das adaptações e modificações que o cursista vai fazendo na maneira de trabalhar em equipe.
É o local em que o cursista vai registrar suas reflexões sobre os vários momentos do curso e sobre sua própria ação.
O memorial é, portanto um documento rico e dinâmico, elaborado de forma gradual pelo cursista, no qual devem estar presentes os acertos, as vitórias, os avanços, mas também as falhas, os momentos de desanimo, as paradas, as dúvidas.
É uma espécie de “diário” no qual o cursista vai escrevendo e contando sobre o que esta sentindo, refletindo, vivenciando. E é nesse “diário” que ele vai construindo sua identidade profissional.

COMO ELABORAR O MEMORIAL?
Algumas pessoas não conseguem colocar em palavras aquilo que observaram, sentiram, aprenderam etc. essa barreira decorre da grande dificuldade de se lidar com a palavra escrita.
Sabemos que sua estrutura é flexível e aberta, o que torna um documento que registra aspectos subjetivos da vida do cursista. Vamos estar constantemente diante do novo e do inesperado, isso é provável sentir insegurança e ate desestimulo para escrever, ou talvez possam sentir-se instigados e desafiados para a elaboração do memorial. É importante compreender que o memorial não é algo pronto e acabado, com um roteiro rígido e previamente definido, mas um registro de construção, que espelha e acompanha o próprio caminho do gestor no curso.
É importante escrever no memorial:
As experiências e modificações a partir do que aprendeu no Progestão.
As reações dos professores ás suas mudanças.
As lembranças de momentos importantes da sua vida que foram despertadas durante o curso.
Algumas explicações sobre o que aconteceu na sua própria trajetória profissional.
As trocas e comentários sobre as experiências de outros gestores que estão no curso.
As expressões da criatividade, sentimentos, intuições e percepções sobre seu processo ensino-aprendizagem.
O memorial tem a função de propiciar alem da reflexão, avaliações do cursista sobre seu próprio desenvolvimento profissional.
Articule entre sua experiência no curso e seu crescimento profissional.
As mudanças que o progestao tem realizado na sua vida, e no seu trabalho de gestão.
Como essas transformações ocorreram nas suas relações com a equipe.
Como esta avaliando seu desempenho e os fatos que demonstram mudanças na pratica.
Como esta aproveitando a atividade de estudo presencial e dos módulos.O que esta fazendo para superar as dificuldades.
O memorial guardará em suas paginas seus conhecimentos, suas reflexões mais intimas, suas vivencias pessoais, enfim, suas diversas aprendizagens durante o curso.

Tocando em Frente

Almir Sater
Composição: Almir Sater e Renato Teixeira

Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte,
Mais feliz, quem sabe,
Eu só levo a certeza
De que muito pouco sei,
Ou nada sei.

Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs
É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder seguir
É preciso chuva para florir

Sinto que seguir a vida
Seja simplesmente
Conhecer a marcha
E ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro
Levando a boiada
Eu vou tocando os dias
Pela longa estrada, eu vou
Estrada eu sou

Cada um de nós compõe
A sua própria história
E cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz
De ser feliz

Todo mundo ama um dia,
Todo mundo chora
Um dia a gente chega
E no outro vai embora

Dinâmica - A viagem

Objetivo: Compreender os objetivos individuais e sua relação com o grupo.
Material: Papel e caneta para cada integrante.
Escrevam cinco sonhos pessoais lembrando que esses sonhos serão nossa bagagem de uma viagem muito especial, a viagem da nossa vida, iremos para outro país, numa longa jornada.
Com nossos sonhos em mãos e saindo de casa temos nossa primeira dificuldade, nem todos os nossos sonhos cabem no carro que vai nos levar, assim temos que abandonar um. Qual deles seria?
Seguindo viagem, nosso carro quebra e temos que seguir a pé, mas devido ao peso das nossas bagagens temos que deixar outra de lado, ficando somente com três. Qual sonho foi abandonado?
Em nossa caminhada nos deparamos com um cachorro que começa a corre atrás de nós para nos atacar, e para podermos escapar de uma mordida temos que deixar outro sonho, ficando com dois sonhos. Qual sonho ficou para trás?
Após um caminho tortuoso até a entrada no outro país, encontramos uma alfândega onde somos barrados e temos que seguir somente com uma mala. Qual sonho deixamos?
•Qual nosso maior sonho que nunca abandonamos?
•Qual hora foi mais difícil para abandonar um sonho? O que me motiva durante as dificuldades?
•Que retribuição devemos esperar se seguirmos corretamente todos os passos nesta viagem?


Para o plenário:
O carro cheio representa os problemas, as dificuldades que nos fazem desistir de alguns sonhos. E alertar-nos para a urgência da mobilização de olhares de transformação
O peso das malas representa as cobranças, o embate que se trava diariamente na rotina escolar. E em nossa viagem é preciso digerir ou haverá congestão. E nesse ato de articular processos no ambiente escolar é imprescindível ser bons digestores sabendo que o conflito é inerente ao trabalho dos gestores
O cachorro são os conflitos no processo pedagógico que muitas das vezes encobre sufocamentos, dentro de uma relação profissional
A alfândega é o nosso foco de transformação para alem da mudança e para isso é preciso “não perder o fio da meada” ser criativos e pensar em soluções simples ligar e interligar pessoas, ampliando os ambientes de aprendizagem.

O que é um Portfólio?

O portfólio é um dos procedimentos de avaliação condizentes com a avaliação formativa. Porta – folio, ou portfólio. Segundo Ferreira (1999, p.1.612), é uma pasta de cartão usada para guardar papéis, desenhos, estampas etc. HOUAISS E VILLAR (2001, PP.2.2.66-22.67) trazem também as duas formas: Porta-fólio e portfólio, esta última, sem acento agudo. O significado de portfólio, oferecido por estes últimos é o de “conjunto de coleção daquilo que está ou pode ser guardado num porta-fólio (fotografias, gravuras, etc..). “ e conjunto de trabalhos de um artista (Designer, desenhista, cartunista, fotógrafo etc...) ou fotos de um autor ou modelo usadas para divulgação entre clientes, editores etc..., porta-fólio (cartão) contendo material publicitário (sugestão de layouts, artes – finais provas etc...) que se leva a um cliente para aprovação.
Originalmente, o portfólio é uma pasta grande e fina, em que os artistas e fotógrafos iniciantes colocam amostras de suas produções, as quais apresentam a qualidade, a abrangência do seu trabalho, de modo a ser apreciado por especialistas ou professores.
Seu uso na escola significa assumir o entendimento de que o trabalho do aluno e o do professor não merecem menos do que isso (VALÊNCIA,apud VILLAS BOAS, 2001)
Em educação, o portfólio apresenta várias possibilidades, um dela é que a sua construção é feita pelos alunos. Nesse caso, o portfólio é a coleção de suas produções, as quais apresentam as evidências de sua aprendizagem. É organizado pelo próprio aluno, para que ele e o professor, em conjunto, possam acompanhar o seu progresso (VILLAS BOAS, 2001). O portfólio é um procedimento de avaliação que permite aos alunos participar da formulação dos objetivos de sua aprendizagem e avaliar seu progresso. Eles são, portanto, participantes ativos da avaliação.
Segundo (Arter e Spandel, Apud Villas Boas, p.38).
“(...) uma coleção proposital do trabalho do aluno que conta a história dos seus esforços, progresso, ou desempenho em uma determinada área. Essa coleção deve incluir a participação do aluno na seleção do conteúdo do portfólio; as linhas básicas para a seleção, os critérios para julgamento do mérito e evidência de auto-reflexão pelo aluno.”

Por que o Portfólio na avaliação escolar?
Essa concepção aborda três idéias: - avaliação é um processo em desenvolvimento; - Os alunos são participantes ativos desse processo, porque aprender a identificar e revelar o que sabem e o que ainda não sabem - a reflexão pelo aluno sobre sua aprendizagem é parte importante desse processo.
Pode-se afirmar que o portfólio é mais que uma coleção de trabalhos dos alunos. Não é apenas uma pasta onde se arquivam textos. A seleção dos trabalhos a serem concluídos é feita por meio de auto - avaliação, críticas cuidadosas, que envolvem o julgamento da qualidade da produção e das estratégias de aprendizagem utilizadas. Tudo isso, permite construir, entre outras coisas, o perfil do aluno refletindo o ritmo e a direção de seu crescimento os conteúdos de seu interesse, suas dificuldades e o potencial a ser desenvolvimento.
Além da sua própria produção cognitiva, o aluno é incentivado a colecionar no portfólio o registro de suas reflexões e impressões sobre o conteúdo, opiniões dúvidas, dificuldades, reações aos conteúdos e textos indicados, anotações pessoais, situações vividas e outros aspectos. No momento devido, todo esse material poderá oferecer subsídios para avaliação do conteúdo do aluno, do professor e das metodologias de ensino, assim como para estimar o impacto do conteúdo, do curso, ou programa educacional.
Os dados e impressões devem ser registrados e observados diariamente, o que oferece ao portfólio um significado muito mais amplo e realista, do que as informações que resultam de avaliações pontuais realizadas em situação de exame. De fato, as anotações diárias, que poderíamos chamar de “o diário do aluno”, fornecem uma imagem em movimento contínuo, identificando o percurso caminhado. Além disso, a ordem cronológica da produção aponta ritmo e o sentido do desenvolvimento, enquanto as provas constituem a expressão de um momento, a imagem estática de um instante de vida escolar.
Dessa forma, acredita-se que o portfólio é o instrumento que melhor se adequa ao princípio da avaliação integral, já que possui um lado pouco formal, o portfólio pode incluir notas alternativas, comentários e reflexões que permitem resgatar e comparar o caminho da aprendizagem, identifica os bloqueios, os obstáculos vencidos, as formas utilizadas para enfrentar e superar as dificuldades.
É importante destacar que o uso do portfólio beneficia qualquer tipo de aluno: o desinibido, o tímido, o mais e o menos esforçado, o que gosta de trabalhar em grupo, o que não gosta o mais ou menos interessado nas atividades escolares, o que gosta de escrever e até o que não gosta e pode até passar a gostar. Desenvolvido nessa perspectiva, o portfólio permite ao aluno acompanhar o desenvolvimento do seu trabalho de modo a conhecer suas potencialidades e os aspectos que precisam ser melhorados.

“(...) o grande lance é este: O aluno não estuda para ‘passar de ano ‘, mas para aprender. Assim todos são encorajados para desenvolver seu trabalho”. (VILLAS BOAS, 2004)

Nesse caso, o professor poderá perceber a identidade de cada aluno, não apenas como aluno, mas como sujeitos a aprender.
É preciso que o trabalho seja incentivado e orientado para que sejam atingidos os objetivos propostos que devem ser do conhecimento de todos. A construção do portfólio faz com que o aluno perceba que o trabalho pertence a ele, então, é preciso que seja responsável pela sua produção e execução. Ele não está fazendo algo para agradar os pais, mas para seu próprio benefício, o que torna prazeroso o ato de estudar.
A sistemática da avaliação através do uso do portfólio, tornando-se uma prática de toda escola, imprime uma dinâmica diferente à prática docente, pois se eliminam as atitudes centralizadoras, exclusivistas, seletivas, no que diz respeito à avaliação.
O portfólio reflete o desenvolvimento individual e pode revelar avanço significativo da aprendizagem durante o ano letivo. Apesar disso, o aluno pode continuar apresentando rendimento abaixo do esperado para série /ano em que se encontra. Essa situação deve ser analisada pela equipe pedagógica da escola e discutida com os pais para que se estabeleçam novas maneiras de atender as necessidades dos alunos. O grande problema enfrentado pelas instituições escolares ainda é a questão da aprovação ou reprovação. O que o trabalho com portfólio vem oferecer é que se mude a cultura escolar já estabelecida, de modo que ela seja o norteador de uma outra lógica: o aluno está em processo de aprendizagem e sempre progredindo, que deve basear-se na idéia de que a avaliação é investigação: de como os alunos aprendem, o que aprendem, de que maneira aprendem e deve se iniciar com uma leitura cuidadosa das atividades realizadas pelos alunos e posteriormente com um diálogo que o encoraje a continuidade do trabalho.
Nessa perspectiva, percebe - se que a avaliação por meio do portfólio está em perfeita consonância com os princípios da abordagem construtivista, tais como: o conhecimento é construído, a construção do conhecimento se efetiva por meio de experiências vividas pelo próprio aluno. De acordo com a visão construtivista, o conhecimento construído reflete a realidade da perspectiva do aluno que o construiu, ou seja, ”o conhecimento provém da atividade do aluno, da sua relação com a ação e sua experiência de mundo” (apud, MOULIN, NELLY p.7). Então, se os alunos ocupam diferentes contextos, os saberes por eles construídos resultam de processos de aprendizagem diferentes. Sendo assim, não haveria conhecimento homogêneo e, portanto, a avaliação não pode se basear em padrões pré - estabelecidos.