quinta-feira, 21 de julho de 2011

Continuação do módulo IV - O LEQUE DAS CONCEPÇÕES PSICOLÓGICAS

O leque das concepções psicológicas, oportunizando aos alunos o conhecimento teórico/conceitual e sua aplicabilidade na prática escolar, a fim de que procedam a uma reflexão crítica acerca dessas concepções, visto que só ela fundamenta a opção pedagógica consciente do aluno/educador.
Procedendo a uma sucinta análise das várias concepções psicológicas até então difundidas e direcionadas para as questões relativas ao processo de desenvolvimento e aprendizagem humanos, do behaviorismo ao construtivismo de base Piagetianas, aportando na corrente sócio-histórica, percebe-se, ao desvendar as ideologias subjacentes a cada uma, o tipo de homem que se pretende formar e, mais especificamente, traduzindo, para o campo da educação, que tipo de aluno se quer formar, o que/como a Educação/Escola pode/deve absorver essas concepções para proceder à investigação de como o conhecimento é concebido/aprendido pelo ser humano.
As explicações sobre como vai se dar essa apropriação, é óbvio, dependerão dos “óculos” que utilizamos para enxergar o mundo: muitas vezes, só vemos as coisas pelo prisma dos “nossos óculos”, o que nem sempre corresponde à realidade. O fato é que temos o hábito de ver/pensar metafisicamente, e isso nos conduz a uma acomodação, a ficarmos presos, muitas vezes, à nossa formação básica acadêmica – principalmente se essa formação se embasa na linha behaviorista – dificultando, assim, uma mudança de postura pró-perspectiva dialética.
Nosso propósito é oferecer ao leitor conceitos, embora superficiais, a respeito das principais concepções psicológicas acerca do desenvolvimento e aprendizagem humanos, para que, de posse desses conceitos, possa ampliá-los/aprofundá-los, refletindo sobre o papel que a escola desempenha na ótica de cada uma, o que oportunizará, certamente, a opção pedagógica do leitor/educador, em consonância com sua cosmovisão, sociovisão e antropovisão.
O behaviorismo reflete a concepção empirista do desenvolvimento e aprendizagem humanos, já que as forças externas ao ser humano são determinantes no seu comportamento. Sendo assim, a antropovisão contempla um ser passivo, sempre sujeito às manipulações do meio, onde as relações manipulador/manipulado ficam evidenciadas nos papéis representados por: pais/filhos, professor/aluno, patrão/empregado etc.
De forma geral, Piaget e Vygotsky contribuíram para a elaboração de metodologias inovativas que ultrapassam aquelas existentes na escola tradicional. É graças as implicações teóricas destes psicólogos que se pode hoje trabalhar visando ultrapassar a metodologia pedagógica arraigada na repetição de conceitos. O que tem encorajado inúmeros educadores a inovarem sua prática pedagógica, no sentido de buscar compreender a realidade de seus alunos tanto do ponto de vista psicológico, cognitivo, afetivo, como sócio-cultural. Isto para que, a partir daí, possam trabalhar rumo a uma educação significativa e construtiva – a qual possa conduzir o aluno a ser sujeito consciente de sua autonomia social.

Apesar dos autores serem de complexa interpretação, percebe-se que à medida que o educador vai tecendo sua prática, ele também vai refletindo e aplicando essas teorias que são valiosas para resolverem diversos males que afligem o contexto educacional. Nesse meio, é possível utilizar as discussões mencionadas na concepção interacionista e construtivista dos autores e colocar-se como condutor dessa interação do aluno com o meio e fazer desse meio um ambiente de estímulo para que o sujeito desenvolva os seus aspectos cognitivos.
Mas também é preciso detectar aquilo que os alunos conseguem fazer sozinhos. Em outras palavras, é preciso examinar a ZDP (Zona de Desenvolvimento Proximal) destes alunos e partir para uma complexidade maior intervindo por meio da linguagem numa interação rica de construção do saber.
Por sua vez, tem-se que lembrar que os alunos advêm de meios sócio-culturais diferentes e que são herdeiros de toda evolução filogenética e cultural a que estão submetidos. Além disto, eles possuem capacidades cognitivas diferentes de apreensão da realidade. Por conseguinte, a sala possui uma heterogeneidade ampla em que cada um de seus membros tem sua história diversificada.
Observe que a questão sobre se o desenvolvimento ocorre antes do ensino, ou se a criança aprende primeiro para que se desenvolva, é polêmica no processo ensino-aprendizagem. Porém quando junto dos alunos é possível observar que estes aprendem determinados conteúdos quando tem condições intelectuais, ou seja, quando eles possuem maturação cognitiva necessária a certo ensino. Por outro lado, é possível também observar que o desenvolvimento de um indivíduo somente se dá após determinado nível de aprendizado. E assim, aprendizado e desenvolvimento também compõem uma rica teia dialética nos processos cognitivos e psicológicos do indivíduo.
Daqui retira-se a seguinte indagação: será que a escola está sendo capaz de desenvolver as habilidades cognitivas de seus alunos? Perceba o importante papel da escola: em suas atividades deveriam estar presente as instruções fundamentais, bem como as motivações que produzem aprendizagem. Ou a escola permanece no nível de desenvolvimento atual, reproduzindo conhecimento que o aluno já é capaz de adquirir sozinho, ou torna-se um espaço de interação, aberta ao diálogo. É necessário que haja na escola espaço para transformação, para desenvolver o potencial dos alunos. Assim, ela deve estar aberta às diferenças e ao erro, às contradições e à colaboração mútua.
Assim, a escola almejada possui objetivos educacionais voltados a desenvolver as funções psicológicas e cognitivas de seus alunos. É necessário que esta, a partir das potencialidades do aprendiz, permita o amadurecimento intelectual, com currículo que forneça as condições necessárias para desenvolver os conceitos científicos.
O Processo de Ensino-Aprendizagem
tabela que mostra como algumas variáveis fundamentais relacionam-se com cada teoria apresentada  dentro de cada abordagem de ensino-aprendizagem.

Behaviorista
Construtivista-Interacionista
Construtivista-Sócio-Interacionista
Relação aluno-professor
O aluno é conduzido pelo professor que determina a velocidade e a forma de construção do conhecimento
O professor deve estimular o aluno a construir seu conhecimento de forma autônoma, a partir de suas descobertas individuais
O professor é um mediador do processo de construção do conhecimento que se dá através de interações sociais
Relação aluno-aluno
desconsiderada
Pouco explorada
O aluno é parte de um contexto social e deve ter iniciativa para questionar, descobrir e compreender o mundo a partir de interações com os demais
Relação aluno-objeto do conhecimento a ser aprendido
O conhecimento é disponibilizado de forma seqüencial para o aluno
O aluno constrói seu conhecimento a partir de suas próprias percepções oriundas das interações com o objeto
O aluno é capaz de interagir com os objetos(amplificadores culturais) e modificá-los construindo assim seu conhecimento
Recursos computacionais
O computador é utilizado como um meio de disponibilizar informação de maneira seqüencial
O computador possibilita o acompanhamento individual dos estudantes
O computador passa a ser encarado também como um meio de comunicação e interação entre aprendizes e orientadores

REFERÊNCIAS
ALENCAR, Eunice Soriano. Novas Contribuições da Psicologia aos Processos e Aprendizagem. São Paulo: Ed. Cortez, 1992.
SCOZ, Beatriz, Psicopedagogia e realidade escolar: o problema escolar e de aprendizagem. 6Ed. Petrópolis: Vozes, 1994.

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